Alberte Pagán

A quem se lhe conte…

A quem se lhe conte…

(2011, 67′)

 

Em novembro de 2002 o petroleiro Prestige naufragou diante das costas galegas originando umha maré negra que tingiu de chapapote mil quilómetros de praias e rochas. A incompetência do governo, que indirectamente provocou o verquido e nom foi quem de gestioná-lo, foi o detonante dumha vaga de indignaçom que calhou na maior mobilizaçom popular da história galega. Baixo o lema Nunca Mais as galegas e os galegos, tradicionalmente submissos ao poder, erguérom-se contra os seus governantes: os vassalos rebelárom-se contra os senhores porque os senhores nom cumprírom co seu dever de defender os seus vassalos. Deste jeito os lazos medievais entre poder e súbditos rompérom-se, ainda que só fora temporalmente. Os partidos da oposiçom, temerosos da continuaçom e/ou radicalizaçom do movimento, e ante umhas iminentes eleiçóns que pretendiam ganhar, figérom o possível por suavizar e desativar as protestas populares.

Que fica de todo isto? Resíduos aqui e acolá, físicos e sicológicos, individuais e coletivos. A quem se lhe conte… carece de textos (agás algumhas pintadas e cartazes) porque a sua intençom é deixar que as images falem por si mesmas. A paisage é a depositaria da história (em ambos sensos: a história como relato, a História como devir social), em diferentes graos, desde a image imediata (o chapapote sobre as rochas) até pintadas esvaídas que remetem a aconteceres pretéritos, passando polas brigadas de limpeza (que cumpriam umha dobre funçom: as tarefas voluntárias de limpeza, independentes do poder; e a simbolizaçom da indignaçom popular e o ativismo político). As brigadas de limpeza som a um tempo image da catástrofe ecológica (quiçá a icona mais reconhecível de aqueles meses negros) e conseqüência de sucessos anteriores (o verquido de petróleo). A quem se lhe conte… é umha obra sobre as pegadas da história na realidade: o chapapote sobre as rochas, as pintadas esvaídas sobre as paredes; a realidade como palimpsesto.

 

MARCO Vigo 2012.

In November 2002 the oil tanker Prestige was wrecked off the coast of Galiza causing a black tide that covered in tar one thousand kilometres of beaches and rocks. The incompetence of the government, who indirectly provoked the spillage and were unable to handle it, was the trigger which sparked a wave of indignation and the biggest ever popular demonstrations in Galiza. Under the motto Never Again the Galizan citizenry, traditionally submissive to power, rose up against the ruling class: the vassals rebelled against their lords because the lords failed to comply with their duty to defend their vassals. Thus the medieval bonds between power and subjects were broken, albeit temporally. The opposition parties, afraid of the continuation and/or radicalization of the movement, and facing an election they aspired to win, did all they could to soften and defuse the popular protests.

What is left of all this? Some physical and psychological, individual and collective remains here and there. A quem se lhe conte… has no text (besides some graffiti and signs) because the images must speak for themselves. Landscape is the repository of history (and of the story) in various degrees. We have the immediate image (tar on rocks) and we also have the faded graffiti on the walls that tell us about past events. And we also have the cleaning squads, with their double function: as cleaning volunteers, independent of power, and as a symbol of popular indignation and political activism. The cleaning squads are simultaneously an image of the ecological catastrophe (perhaps the most recognizable icon of those black months) and a consequence of previous events (the oil spill). A quem se lhe conte… is a film on the footprints of history in reality: tar on the rocks, faded graffiti on the walls; reality as a palimpsest.

 

MARCO Vigo 2012.

En noviembre de 2002 el petrolero Prestige naufragó ante las costas gallegas originando una marea negra que tiñó de chapapote mil quilómetros de playas y rocas. La incompetencia del gobierno, que indirectamente provocó el vertido y no fue capaz de gestionarlo, fue el detonante de una ola de indignación que se concretó en la mayor movilización popular de la historia gallega. Bajo el lema Nunca Mais las gallegas y los gallegos, tradicionalmente sumisos al poder, se levantaron contra sus gobernantes: los vasallos se rebelaron contra los señores porque los señores no cumplieron con su deber de defender a sus vasallos. Así, los lazos medievales entre poder y súbditos se rompieron, aunque sólo fuese remporalmente. Los partidos de la oposición, temerosos de la continuación y/o radicalización del movimiento, y ante unas inminentes elecciones que pretendían ganar, hicieron lo posible por suavizar y desactivar las protestas populares.

¿Qué queda de todo esto? Residuos aquí y allá, físicos y sicológicos, individuales y colectivos. A quem se lhe conte… carece de textos (excepto algunas pintadas y carteles) porque su intención es dejar que las imágenes hablen por sí mismas. El paisage es depositario de la historia (en ambos sentidos: la historia como relato, la História como devenir social), en diferentes grados, desde la imagen inmediata (el chapapote sobre las rocas) hasta pintadas desvaídas que remiten a acontecimientos pasados, pasando por las brigadas de limpieza (que cumplían una doble función: las tareas voluntarias de limpieza, independientes del poder; y la simbolización de la indignación popular y el activismo político). Las brigadas de limpieza son a la vez imagen de la catástrofe ecológica (quizá el icono más reconocible de aquellos meses negros) y consecuencia de sucesos anteriores (el vertido de petróleo). A quem se lhe conte… es una obra sobre las huellas de la historia en la realidad: el chapapote sobre las rocas, las pintadas desvaídas sobre las paredes; la realidad como palimpsesto.

 













Créditos

TÍTULO: A quem se lhe conte…
AUTOR: Alberte Pagán
ANO: 2002-2011
PAÍS: Galiza
FORMATO DE RODAGE: MiniDV (4:3)
FORMATO DE PROJEÇOM: Pantalha simples ou dobre
SOM: Estéreo
COR: Si
RODAGE: Barbança (2002)
DIÁLOGOS: Sem diálogos
DURAÇOM: 36 minutos (versom a dobre pantalha); 67 minutos (versom monopantalha)
SUBVENCIONADA pola AGADIC com 11.699€ líquidos (18.595€ brutos)

 

 

 

 
   
 
   
 
   
 
   
 
   
 

Criado com WordPress | Compartir nom é delito